Animais na Rua
Imagens cedidas pelo Abrigo João Rosa - RJ
No Brasil tem mais bicho do que criança. São cerca de 132 milhões de animais domésticos contra 59,7 milhões de baixinhos, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE). O país foi considerado o terceiro maior mercado do mundo em faturamento no setor pet, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet). Apesar da economia pulsante no segmento, há 30 milhões de bichinhos que não possuem um lar e vivem abandonados nas ruas.
Só no Rio de Janeiro são registrados 200 abandonos por dia, como aponta a ONG Ação Animal. A crescente população de bichos nas ruas é um ponto de atenção para saúde pública, pois contribui para aumento das zoonozes -- doenças infecciosas transmitidas pelos animais para os seres humanos. Nesse cenário, a prefeitura do Rio promove ações como o incentivo à adoção; e atendimento, tratamento e castração gratuita.
Castração
Atualmente, no município do Rio de Janeiro, a população canina e felina é de quase 670 mil, segundo números do Programa de Profilaxia da Raiva do Ministério da Saúde. De acordo com a médica veterinária do Instituto Municipal de Medicina Veterinária Jorge Vaitsman, Giselia de Aquino Daher, a castração é uma cirurgia importante para o controle populacional de cães e gatos e evita a proliferação de zoonoses.
Além disso, ainda de acordo com Giselia, a castração é um procedimento para a saúde do animal -- seja ele adotado ou abandonado. “O objetivo da cirurgia é evitar a possibilidade de tumor de mama nas fêmeas, bem como diminuir as chances de tumores de ovário e de útero, infecções uterinas, doenças prostáticas, estresse de cio, fugas, ninhadas indesejadas”.
Para a designer e voluntária do Abrigo João Rosa, Michelle Vommaro, a castração é um ato de amor. Ela adotou há dois anos a vira-lata Nina e conta que o objetivo foi castrar antes do primeiro cio. “Já tem tanto animal no mundo e, apesar de inúmeras campanhas, ainda há aqueles que preferem comprar um animal a adotar, que evitar novos filhotes é uma questão de ter consciência da realidade, de ter amor pelos animais e pelo seu bichinho de estimação”, comenta.
Adoção
O Instituto Municipal de Medicina Veterinária Jorge Vaitsman promove de segunda a sexta-feira a adoção de animais. Ainda de acordo com a médica veterinária, Giselia de Aquino Daher, todos os animais da instituição para adoção são castrados, vacinados e tratados antes de serem disponibilizados.
“Há aqueles que preferem animais de raça por uma questão até de status, e esquecem que a convivência com um animal é uma troca. O amor e aceitação de seres que sentem necessidade um do outro”, declara.
Outras ONGs e Institutos, como Instituto Luisa Mell, Pata Amiga e Paraíso dos Focinhos também promovem feiras sazonais de adoção de animais pela cidade. Além disso, há uma vasta rede de adoção na web -- especialmente nas redes sociais -- como Solidariedade Animal e Adote um Filhote.
Uma dessas pessoas que preferem adotar a comprar é a estudante de publicidade Raquel Martins. Dona de dois cachorros e cinco gatos, ela conta que quando se tem amor para dar é fácil ter animais de estimação, mesmo quando o orçamento é curto.
“Sempre cuidei dos meus animais na rede pública. Isso exige uma disponibilidade de tempo maior por parte dos donos, mas com jeitinho dá certo. Todos os meus animais são castrados e vacinados. É importante não pensar apenas na saúde dos meus animais, mas evitar que tenha mais bichos nas ruas”.
Atendimento Instituto Jorge Vaitsman
• Atendimento clínico, cirúrgico, radiológico e laboratorial
De segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h (distribuição de senhas para atendimento clínico no início dos horários / as cirurgias são realizadas apenas com hora marcada).
• Sepultamento e cremação de pequenos animais
Cremação coletiva e sepultamentos: de segunda a sexta-feira, das 8h às 11h30 e das 13h às 16h30; sábados, das 8h às 11h30 (exceto feriados e pontos facultativos).
• Adoção de animais
De segunda a sexta-feira, das 9h30 às 11h30 e das 14h às 16h (exceto feriados e pontos facultativos municipais).
• Castração de caninos e felinos
Para marcar a cirurgia de um animal sadio, você pode ir diretamente à clínica cirúrgica. Caso apresente alguma doença, o animal será encaminhado antes para avaliação e tratamento. As cirurgias são realizadas apenas com hora marcada, de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 16h.
• Vacinação antirrábica
De segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h.
Benefícios adquiridos com animais de estimação
A Terapia Assistida por Animais é um tratamento alternativo indicados para transtornos psicológicos. Segundo a Associação Internacional das Organizações de Interação Homem-Animal, 30% dos psicoterapeutas brasileiros envolvem animais em práticas clínicas.
Segundo a adestradora de cães, Tereza Marinho, o contato com animal estimula a produção de hormônios do bem-estar. “O contato com bichos reduz o cortisol, que é o hormônio do stress, e aumenta a dopamina e serotonina”, explica.
Independentemente de stress ou transtornos que assolam os brasileiros como a ansiedade e depressão, ter um bichinho de estimação está associado a ter qualidade de vida. Para a psiquiatra Maria Thereza de Aquino, a relação homem-animal possibilita a melhora da saúde física e emocional dos seres humanos.
“Ter um animal é uma relação de cuidado e responsabilidade, mas, sobretudo, tem a ver com troca, interação e convívio. Dessa maneira, a empatia é estimulada no sentido de pensar em outro ser além de si mesmo, possibilitando que pessoas saiam de suas questões e projeções pessoais e se conecte genuinamente com outro ser. Essa relação só traz benefícios e é sem contraindicações”, recomenda.
Maus tratos
Maltratar animais é considerado crime. De acordo com o artigo 32 da Lei Federal 9.605 de 1998, são considerados maus-tratos práticas como abandonar, espancar, envenenar, não dar comida diariamente, manter preso em corrente, local sujo ou pequeno demais os animais domésticos.
Giselia de Aquino - Veterinária chefe do Instituto Jorge Vaitsman